O meu testemunho pessoal


    Em casa, desde a minha infância, eu ouvi a minha mãe rezar ao Espírito Santo, no início das orações familiares da noite, que duravam entre uma hora e uma hora e meia. Mais tarde, no seminário, antes das aulas e dos eventos importantes, costumava-se dedicar uma oração ou um hino ao Espírito Santo. Isto era tudo o que eu conhecia do Espírito Santo no passado. Não houve qualquer ensinamento ou tese sobre o Espírito Santo no meu curso de teologia. É claro que, através do meu catecismo, eu sabia que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade e que Ele concede graça às nossas vidas. Mas eu nunca tinha tido uma experiência do Espírito Santo até ter chegado a Ele através da oração poderosa de um jovem rapaz. Depois de ter sido ordenado sacerdote, a 23 de Abril de 1973, eu trabalhei nas missões de Visakhapatnam durante cerca de um ano e, em seguida, fui indicado como professor no Seminário de São Francisco de Sales (S.F.S.) em Ettumanoor, Kerala. Enquanto era estudante no seminário, o meu maior desejo era ser professor numa Universidade ou num seminário, uma posição confortável e honrosa na vida sacerdotal. Eu nunca podia imaginar andar por todo o lado como um vagabundo, de um sítio para o outro, enfrentando diferentes situações, pessoas, culturas e gastronomias. Eu procurava em mim mesmo o conforto material e a segurança de uma vida feliz. Em 1975, eu li por acaso artigos sobre curas e sobre o dom de línguas, numa Revista Americana "New Covenant" (“Nova Aliança”). Eu não conseguia acreditar que, nos dias de hoje, as pessoas são curadas através da fé e de orações. Eu ridicularizei o dom de línguas, dizendo que deviam ser lamentos histéricos de mulheres! A minha mente estava cheia de orgulho nos meus conhecimentos em Filosofia e Psicologia. Então, eu ouvi falar sobre um retiro carismático em Poona, no norte da Índia. Juntamente com um sacerdote idoso da minha congregação, eu assisti ao retiro pregado pelo Pe. James D´Souza. Ele era um pregador poderoso e cantava bem. Eu gostei da sua pregação e do seu canto. Eu não fui lá para uma oração de cura, dado que não estava doente. Eu fiz uma boa confissão e segui as instruções do pregador, sobre como erguer as mãos e bater palmas. Quando ele falou no dom de línguas e noutros carismas eu pensei que não eram para mim, mas que seriam para a elite espiritual. No dia do Baptismo no Espírito Santo, eu preparei-me bem e sentei-me na cadeira, juntamente com os outros participantes. Eu não experienciei nada de especial durante a imposição das mãos.

Enquanto rezava sobre mim, o pregador disse: "James, um dia tu serás um pregador carismático". Ao ouvir isto, eu ri-me em voz alta e disse: "Nunca, nunca". Não apenas porque eu não conseguia aceitar os comportamentos peculiares dos carismáticos, mas também porque eu sempre fui uma pessoa tímida em frente dos outros. Nos meus tempos de escola e, mais tarde, no meu estágio do seminário, eu era incapaz de falar em público. Mesmo depois da minha ordenação, eu era um fracasso total no púlpito. Eu ainda me recordo bem do que me aconteceu no meu primeiro sermão. Depois da minha ordenação, com muita relutância, eu concordei em celebrar a Missa e em pregar no dia seguinte, que era um Domingo. Em casa, eu preparei algumas notas sobre o Evangelho do dia e guardei-as num dos lados da minha Bíblia nova. Eu não tinha qualquer problema em celebrar a Missa, porque olhava para o Missal e recitava as orações e, nas noutras alturas, mantinha os olhos fechados, porque tinha medo de olhar para as pessoas. Depois da leitura do Evangelho, eu fixei os meus dois olhos na porta principal, no fundo da igreja, e comecei a procurar os papéis com as notas guardados na Bíblia. Eu fiquei tão nervoso e amedrontado que esqueci se tinha guardado os papéis no lado direito ou no esquerdo. Eu tinha medo de tirar os olhos da porta para procurar os papéis na Bíblia, pois pensei que se o fizesse iria olhar para as pessoas e, com pânico de enfrentar a audiência, eu até cairia. Eu já estava a tremer e a suar. Por várias vezes tentei dirigir-me à audiência dizendo: "Meus queridos, meus queridos..." Eu não conseguia dizer uma única frase. Passados alguns minutos, vendo o meu estado patético, o pároco da igreja sussurrou pela janela: "Já chega o que pregaste. Agora podes continuar a Missa". Como um balão rebentado, com vergonha e autopiedade, eu continuei a Missa. Eu estava certo que as pessoas se podiam estar a rir ou a ter pena deste jovem novo padre! Depois da Missa, quando eu fui à Sacristia, o pároco comentou: "Ele é um missionário de S. Francisco de Sales, o que é que ele vai pregar?". Foi por este motivo que eu ri quando o pregador disse que eu seria um pregador. Mas era uma profecia! Nos últimos 32 anos, a minha vida foi passada unicamente a pregar por todo o mundo!

No último dia do retiro, quase todos os participantes deram testemunhos de cura, experiência de profecia, visão, línguas, etc. Mas eu não tinha qualquer testemunho para dar. Muitos tiveram a experiência do encontro com Jesus e ouviram-n'O falar com eles! Eu senti-me triste. Comecei a acusar-me pelo meu orgulho em não cooperar completamente com o retiro e por não me entregar à acção do Espírito Santo. Talvez, nesta altura, no fundo do meu coração eu tenha começado a desejar e a ter sede do Espírito Santo. Com muita curiosidade, muitos dos meus amigos perguntaram-me sobre o que é que eu tinha recebido no retiro, mas eu não conseguia dar uma resposta precisa. Foi uma semana depois do retiro que, pela primeira vez na vida, eu me senti seriamente doente. Eu estive em dois hospitais durante mais de quatro meses. Fiquei fraco e pálido. Eu não conseguia comer devido às dores no estômago. Eu tinha fortes dores na coluna. Eu até vomitava os comprimidos que me davam. Eu não conseguia celebrar a Missa de pé. Eu costumava celebrar a Missa na minha cama, com a ajuda de alguns outros sacerdotes. Vendo as minhas dores intensas e a minha condição patética, muitos até pensaram que eu não iria sobreviver. Por fim, a minha doença foi diagnosticada como sendo uma Tuberculose nos rins com pedras e infecções nos rins. Estava previsto que eu devia tomar noventa injecções e comprimidos durante dois anos para a cura da Tuberculose. O médico sugeriu uma cirurgia nos rins após noventa dias de injecções.

No sétimo dia do tratamento, aconteceu algo de maravilhoso na minha vida, que mudou a minha vida por completo. À tarde, depois da minha sesta habitual, da minha cama eu falava a duas irmãs religiosas que me foram visitar. De repente, um jovem rapaz de cerca, de vinte anos, veio em minha direcção e perguntou "Padre, posso rezar sobre o senhor para a cura?". Nessa altura, o Renovamento Carismático não era conhecido nem difundido em Kerala; nem sequer os sacerdotes costumavam rezar uma oração de cura. Mas os Pentecostais costumavam rezar pela cura. Sendo um padre católico, eu não ia gostar que um Pentecostal impusesse as mãos sobre mim, um padre. Quando eu lhe perguntei sobre a sua identidade, ele disse que fora há apenas oito meses atrás que ele tinha encontrado o Senhor e recebera o Baptismo e que tinha recebido vários carismas do Espírito Santo. Naquela altura, eu não era capaz de acreditar que tinha sido o Espírito Santo que, enquanto ele viajava no autocarro, lhe disse para vir e rezar sobre mim, no hospital. Nós nunca nos tínhamos conhecido antes! Ele não esperou a minha permissão para impor as mãos; ao acabar de partilhar o seu testemunho, ele impôs as suas mãos sobre a minha cabeça e começou a rezar. Ele rezou: "Pai, que estás no Céu, envia agora o Teu Filho, Jesus,  a este padre que sofre de tuberculose nos rins, pedras e infecções nos rins, e devolve-lhe a saúde completa de corpo e alma". Então, na minha cabeça, eu pensei que ele talvez tivesse visto o registo clínico onde estava o relatório das minhas doenças! Naquela altura, eu não sabia que ele estava a rezar como dom da palavra e do conhecimento. Por várias vezes, ele gritava louvores ao Senhor e, às vezes, também rezava em línguas. Eu senti uma espécie de poder a fluir das suas mãos para mim. Foi então que comecei a conhecer o poder do louvor e da oração em voz alta. No retiro, eu não era capaz de apreciar as orações barulhentas, com louvores em voz muito alta. De repente, ocorreu-me a oração do mendigo cego, Bartimeu. Ele rezava em voz alta "Filho de David, tem misericórdia de mim". Embora os discípulos tenham tentado mantê-lo em silêncio, ele continuava gritar cada vez mais alto. Então, Jesus chamou-o para perto de si e concedeu o seu pedido (Mc 10: 46-52). As expressões da boca são de facto expressões do coração! Palavras da boca em voz alta e intensas são a sincera expressão do grande desejo e fé da alma. "Suba a Deus a minha voz e clame; suba até Deus a minha voz: Ele há-de ouvir-me" (Sl 77: 1). Os apóstolos, na altura da primeira perseguição, ergueram as suas vozes a Deus e rezaram. A sua oração foi tão poderosa que fez abanar a casa em que estavam reunidos (Act 4: 24-31). Todo o meu cepticismo relativamente a orações barulhentas foi completamente curado. Também eu comecei a rezar com ele com orações em voz alta.

Em seguida, o rapaz começou a rezar com um tom diferente, dirigindo-se ao meu ser interior da minha vida passada. Ele rezou: "Oh, Senhor, este padre é um bom padre, mas é incapaz de pregar o teu Evangelho, porque ele é muito envergonhado e tímido por causa do seu complexo de inferioridade desenvolvido na sua primeira infância. Ele perdeu o seu pai quando tinha sete anos. Ele sentiu-se rejeitado e discriminado entre as outras cinco crianças com quem ele cresceu. A jovem mãe viúva teve muitos problemas para criar os filhos. Como ele era muito gordo e grande, os seus irmãos gozavam com ele, chamando-o "gorducho". Os colegas da escola costumavam chamá-lo "pretinho" por causa da sua cor. Por isso, esta criança ficou muito ferida na sua primeira infância. Ele tem muitos ressentimentos no seu coração relativamente a muitas pessoas. Senhor, Espírito Santo, retira as suas feridas interiores e ressentimentos e dá-lhe um novo ser interior. Liberta-o de todas as suas amarras e do poder das trevas. Oh, Espírito Santo, enche o seu coração com amor...". Eu fiquei espantado com esta oração. Ele estava a cortar o meu ser interior aos pedaços, como o poder da palavra de Deus (Heb 4: 12). Tudo o que ele disse da minha vida era verdade. Eu sabia que tudo o que ele disse não estava no registo clínico! Ele estava a ler o registo do Espírito Santo! Em lágrimas, eu lembrei-me das palavras de Jesus "Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos" (Lc 10: 21). Novamente, eu derramei lágrimas por causa do meu orgulho, especialmente, por causa do meu orgulho intelectual. Eu senti que era tão mesquinho no meu conhecimento mundano para medir e limitar a sabedoria e o amor de Deus, imensuráveis e ilimitados. Eu apercebi-me que este jovem rapaz, um neo-convertido, tinha nascido de novo no Espírito Santo, enquanto eu, um católico tradicional, um sacerdote ordenado, permanecia na carne. Eu comecei a compreender o que os olhos não viram e o que os ouvidos não ouviram, e o que o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que O amam, isso Deus revelou através do Espírito, pois o Espírito tudo penetra, mesmo até as profundidades de Deus (I Cor 2: 9-10). Eu senti a água viva a percorrer-me e a libertar-me. Eu senti uma espécie de poder a fluir. Tive uma sensação de calor no meu estômago e em parte dos rins nas costas. Eu acreditei que o Senhor estava a curar-me. Eu proclamei a cura e louvei a Jesus.

Ao mesmo tempo, eu sentia um medo interior; porque este homem que estava cada vez mais a ver mais de mim, também iria falar voz alta dos meus pecados escondidos, em frente àquelas duas irmãs religiosas. Em seguida, ele rezou "Jesus, foste Tu quem o chamou para o sacerdócio, mas ele está a oferecer Missas com coração impuro e mãos impuras". Vieram-me à mente as palavras do profeta Malaquias para me convencer da minha falta de santidade no sacerdócio. “ Oh, sacerdotes, que desprezais o meu Nome oferecendo sobre o meu Altar alimentos impuros.” (Mal 1: 6-7). Ele continuou a sua oração, dizendo: "Este padre tem muita falta de perdão para com muitas pessoas. Dá-lhe a graça de perdoar os outros e lava-o no Teu Precioso Sangue e dá-lhe um coração mais branco do que a neve" (Is 1: 18). Neste momento, o próprio Espírito Santo começou a convencer-me dos meus pecados (Jo 16: 8). Eu não sabia que o rapaz tinha saído do quarto com as irmãs para rezar sobre outras pessoas. Eu vi um papel branco à minha frente, onde todos os meus pecados estavam escritos explicitamente; pecados confessados e, por vezes, escondidos na confissão devido ao medo e à vergonha. Eu vi, claramente, as pessoas para quem eu tinha falta de perdão e com quem eu não me tinha reconciliado no meu coração. Eu vi o meu coração que estava tapado e escurecido pelo véu dos maus hábitos e da teia da falta de sinceridade. A palavra que diz que a comunhão com um coração impuro tráz a condenação (I Cor 11: 27) começou a empurrar-me para uma profunda crise interior na minha consciência. Eu tinha um mau hábito enraizado desde a minha adolescência. Até mesmo as minhas mãos estavam manchadas com o fedor do tabaco. Em lágrimas, eu disse: "Senhor, eu não consigo livrar-me destes maus hábitos. Estou impotente. Eu não consigo continuar como um sacerdote santo". Em lágrimas, comecei a clamar ao Senhor; talvez, pela primeira vez na vida, estava a rezar em lágrimas. Eu estava totalmente confuso, sem saber se deveria deixar o meu sacerdócio ou se deveria continuar. O Espírito estava a dizer-me que se eu continuasse, deveria ser um sacerdote santo, uma pessoa diferente. Eu pensei que as Missas oferecidas no passado não tinham sido aceites pelo meu Pai no Céu e que nenhuma das minhas orações fora ouvida pelo Senhor. Quando eu fui para o altar, eu devia ter perdoado e ter-me reconciliado (Mt 5: 23). Eu devia ter perdoado aos outros para que as minhas orações fossem eficazes (Mc 11: 25). Eu pensei que era um ser miserável, completamente perdido! Eu estava mergulhado na escuridão total, na dúvida e na confusão. Eu pensei que estava a defraudar Deus e os outros com o meu sacerdócio. Eu estava a rezar, sentindo-me impotente: "Senhor, salva-me, um pecador".

O meu Bom Senhor não me abandonou no meu desespero. Pela primeira vez na minha vida, eu vi o Senhor Jesus Ressuscitado a andar na minha direcção envolto em luz. A sua face resplandecia, as Suas vestes brilhavam. Ele estava rodeado por muitos anjos. Eu pude ouvir a música melodiosa dos anjos. Ele pôs as Suas mãos sobre o meu ombro; eu fiquei muito pequeno diante d'Ele. Ele disse-me claramente: "James, tu és o meu sacerdote para sempre. Quando Eu fui concebido no ventre da Minha mãe (ventre de Maria), tu estavas lá como um sacerdote, a partilhar o Meu eterno sacerdócio. Eu perdoo todos os teus pecados e faço de ti um ser completamente novo". Foi uma grande revelação para mim o facto de eu estar no Seu corpo quando Ele tomou a forma humana. Maria tornou-se minha mãe muito antes de Jesus a ter entregado à humanidade na Cruz, dizendo: "Eis a tua mãe...". Eu realmente senti a proximidade de Nossa Senhora, Maria mãe; senti que estava a ser consolado e curado no seu colo, embora não a tivesse visto. Eu não tenho palavras para expressar as minhas experiências neste êxtase, que durou mais de três horas e meia. O Senhor disse-me para fazer uma boa confissão geral da minha vida passada. Ele também me deu instruções para ir reconciliar-me com aqueles por quem tinha sentimentos negativos. Durante a minha longa vida de formação no seminário ou durante o Noviciado, eu nunca tive a experiência de encontrar Jesus em oração ou de ouvir a sua doce voz, embora o meu mestre de noviços e os meus directores espirituais tivessem tentado ensinar-me a contemplar e a rezar. Agora, eu fiquei a saber que a oração e contemplação não eram algo que eu podia alcançar, mas algo que eu podia apenas receber como puro dom do Espírito.

Eu acordei do meu sonho cheio de graça quando uma enfermeira chamou-me pelo nome. Eu vi-a, de pé, à minha frente, com as injecções e comprimidos. Com muita alegria no meu coração, eu disse-lhe que tive uma experiência profunda do toque de Jesus e que tinha sido curado. Assim que ela saiu do quarto, eu louvei a Deus com uma voz estranha; senti que a minha língua e as minhas palavras foram removidas e o Espírito Santo deu outra língua e palavras, cujo significado me era ininteligível para mim. O próprio dom, o dom de línguas, que eu não queria, foi-me dado pelo meu Senhor. Eu estava mesmo a tentar compreender com todos os santos qual a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do imensurável amor de Deus, manifestado através de Jesus, Seu Filho (Ef 3: 18). Depois de algum tempo, o médico que diagnosticou a minha doença e prescreveu os medicamentos chegou e ralhou comigo por eu não ter tomado os medicamentos. Ele disse: "Padre, o senhor é um sacerdote. Eu acredito que o senhor tenha algum senso e conhecimento. O senhor acha que está curado pela oração daquele rapaz recentemente convertido? Se não tomar os medicamentos, terá uma recaída". Eu disse: "Desculpe, doutor. Eu tomarei os medicamentos, mas eu sei que fui curado através da oração do rapaz". Eu tomei os comprimidos e concordei em tomar a injecção em frente ao médico, porque sabia que os médicos e medicamentos estavam no plano de Deus e prometi que iria continuar a tomar os medicamentos até ele me dar indicações do contrário (Sir 38: 1-2).

Eu estava feliz e alegre. Eu comecei a falar sobre a minha cura aos que estavam presentes e às irmãs religiosas. Eu consegui ter um bom sono profundo naquela noite sem tomar comprimidos para dormir. Essa foi a primeira cura física que recebi. Desde que comecei a ter problemas nos rins que não conseguia dormir sem sedativos. Eu levantei-me às 4 horas da manhã, porque alguém me acordou. Era o Senhor, certamente (desde aquele dia, eu faço a minha oração pessoal diária de manhã, às 4 horas). Eu sentei-me na minha cadeira e rezei durante uma hora e meia, com a mesma experiência do dia anterior e muito mais ainda. Nesta oração, o Senhor colocou a Sua sabedoria na minha boca e deu-me o poder de pregar o Seu Reino e ordenou-me a demitir-me do meu cargo como professor de seminário e para ir pregar pelo mundo fora. Depois da oração, eu dei um passeio matinal durante uma hora. Até ao dia anterior, eu era incapaz de levantar-me sozinho da cama e de andar pelo quarto! Depois de um banho, eu fui à capela e celebrei a Missa entre mais de cento e cinquenta pessoas. A leitura do Evangelho era de Lucas, capítulo dezanove; a história de Zaqueu. Sem qualquer preparação prévia, confiando planeamento no Espírito Santo, eu fui capaz de pregar durante dezoito minutos e fi-lo olhando para a cara das pessoas. Eu senti que estava completamente liberto do fardo e da ammara do medo e do complexo de inferioridade. Eu senti uma espécie de intimidade com aqueles que estavam na Missa. Eu conseguia olhar para eles com liberdade e amor e senti que cada um deles era meu irmão, minha irmã. Depois da Missa, tendo reparado na alteração do meu comportamento, o médico pediu que se repetisse todos os testes de laboratório. Em seguida, ele chamou-me para o seu gabinete e mostrou-me os resultados antigos e os resultados novos dos testes clínicos e confirmou que os meus rins estavam completamente curados; confirmou que eu podia parar de tomar todos os medicamentos e ter alta do hospital. Eu não sei como explicar a alegria que eu senti naquele momento. Eu disse: "Louvado seja o Senhor", abracei o médico e saí do hospital.

Eu saí do hospital como um homem novo, com novas decisões e determinações. Eu decidi viver apenas para Jesus e dedicar a minha vida a pregar o Seu Reino. Eu demiti-me do meu cargo como professor e fui pelo mundo fora para pregar, depois de quarenta dias de jejum e oração. Desde o dia 17 de Fevereiro de 1976, quando eu preguei o meu primeiro retiro carismático, provavelmente o primeiro retiro carismático pregado em Malaio, em Kerala, até agora, eu dediquei todo o meu tempo a pregar a Sua Palavra. Os meus queridos superiores ofereceram-me na altura várias oportunidades para ir para a Alemanha ou para Roma para prosseguir o doutoramento, mas eu recusei, porque o Espírito me disse: "Eu sou suficiente para ti". "Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não é apto para o Reino de Deus" (Lc 9: 62). Durante a minha formação no seminário, quando eu via muitos dos meus colegas a serem enviados para o estrangeiro para continuarem os seus estudos, eu sentia um grande desejo de ir para o estrangeiro para obter diplomas. Graças a Deus, agora o Senhor saciou o meu desejo com a minha pregação contínua do Reino no estrangeiro. É mesmo verdade que quando nós entregamos qualquer dos nossos desejos mundanos para o bem do Senhor, Ele devolve-o cem vezes mais! É verdade que Jesus utilizou-me para construir uma casa de oração para Ele, em Athirampuzha, Kerala, conhecida como “Charis Bhavan”. Na minha pregação de retiros, convenções e serviços de cura, eu tive que me deparar com oposições e até mesmo com perseguições. Mas a Palavra de Deus, que diz que todo o que quer viver uma vida santa será perseguido, consola-me e fortalece-me (II Tim 3: 12). Eu sei que todos os dons e poderes que me foram dados, a mim, um ser fraco, num vaso de barro, são para contemplar o tesouro do Seu poder (II Cor 4: 7). Juntamente com S. Paulo, eu também direi que tenho a força para tudo através d'Ele que me dá poder (Fil 4: 13). O Seu poder foi manifestado nas alturas em que fui raptado e preso no mundo Muçulmano dos países Árabes e também nas alturas em que houve insultos e desentendimentos por parte dos meus próprios superiores e amigos. Eu concluo o meu testemunho com as palavras de S. Pedro: "Caríssimos, não estranheis a fogueira que se ateou no meio de vós para vos pôr à prova, como se vos acontecesse alguma coisa estranha. Pelo contrário, alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo, também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória. Se sois ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito da Glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós." (I Ped 4: 12-14).
 


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